Não vou esquecer, nunca, Francisco Godinho

«E aqueles que por obras valorosas… Se vão da lei da morte libertando».

Foi há dois anos que perdi um amigo. No aspeto físico deixou de estar entre nós, mas acredito que todos aqueles que tiverem o privilégio de Francisco Godinho ter passado pela sua vida, vão mantendo viva a sua memória e assim continuará presente nas suas vidas.

Há um ano escrevi:

Com 65 anos de vida e 47 anos a escrever no território que hoje é dos concelhos de Loures e Odivelas, conheci muitas pessoas, das várias áreas da vida, da política ao associativismo, passando pelo mundo da informação e do trabalho.

Assim, terei milhares de conhecidos, muitos amigos, mas poucos “irmão do coração”, daqueles que não são do nosso sangue, mas não deixam, por isso, de ser irmãos.

Há um ano perdi um desses irmãos. Francisco Godinho, que partiu com pouco mais de 50 anos, de uma forma repentina, vítima de doença súbita.

Como já referi conheci muita gente, mas certamente os dedos das mãos chegarão para contar aqueles que são como o Chico.

Teimoso, persistente, mas amigo como poucos. Bondoso, sempre disposto a ajudar, solidário e amigo da terra que o acolheu, ainda menino.

Em 2013 convidou-me para o acompanhar num novo projeto que queria começar. Um jornal semanal do Concelho de Odivelas, o Odivelas Notícias. Praticamente não nos conhecíamos, apenas sabíamos da existência um do outro, a empatia e a confiança foi instantânea. Disse-lhe a minha forma de trabalhar, de produção de jornalismo livre, independente e plural. Aceitou e durante nove anos, e 411 edições, nunca me disse para alterar, sequer, uma vírgula.

Nove anos de convívio diário que ultrapassou muito a relação profissional.

Sim a 18 de agosto de 2022 perdi um irmão que nunca vou esquecer e, certamente, o mesmo acontecerá com todas as pessoas que com ele conviveram. Já recebeu sentidas homenagens do Clube Atlético e Cultural pelo seu empenhamento no Torneio Internacional de Futebol Infantil da Pontinha, da Junta da União das Freguesias da Ramada e Caneças e da Junta de Freguesia de Odivelas. Estamos perto de celebrar o aniversário do concelho e da atribuição de medalhas municipais. Muitas medalhas, imerecidas, foram entregues ao longo destes anos. Esperemos que o concelho não se esqueça do homem que fazendo “das tripas coração” como diz o povo, manteve, com imensos sacrifícios, um jornal, o único impresso no concelho, incluindo dois anos de pandemia onde não houve praticamente receita de publicidade.

Tenho muita pena de não ter estrutura económica para ter mantido o Odivelas Notícias semanalmente em papel. Mas neste Diário de Odivelas tudo farei para manter viva a memória do Chico.

Há um ano perdi um irmão!».

 Parece que quem atribui as Medalhas de Mérito Municipal, mesmo depois da lembrança aqui deixada há um ano, rapidamente esqueceu o Chico. Ao longo destes anos critiquei o facto de haver medalhas entregues mais por interesses partidários que por mérito dos medalhados. A Câmara esqueceu-se, mas eu aqui estarei, ano após ano, teimosamente para lembrar o FRANCISCO DO ROSÁRIO GODINHO.

 

Henrique Ribeiro, diretor do Diário de Odivelas

  • Diário de Odivelas - Redação

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