Na quinta-feira, 10 de outubro, realizou-se, na Livraria Bucholz, o lançamento do livro “Dar e Receber Amor em Todas as Suas Formas” que assinalou o 15º aniversário da AMPLOS (Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género. Para além da importância do livro, para uma melhor perceção desta temática, este lançamento foi também importante por ter sido a primeira vez que a organização Habeas Corpus não conseguiu concretizar o boicote ao lançamento como já tinha feito em situações anteriores.

O livro, elaborado pela AMPLOS e escrito pela jornalista Sara Dias de Oliveira, propõe-se ser um guia para os pais sobre como lidar com medos, inseguranças e dúvidas. Trata-se de um livro curto e simples, com base empírica e científica e com propósitos didáticos, que inclui depoimentos e conselhos.

De facto, uma das formas de combater a discriminação e de defesa da diversidade e da liberdade é a difusão do conhecimento e da voz das próprias pessoas visadas, bem como dos avanços da Ciência nesta matéria.

A AMPLOS é uma organização de famílias com crianças e jovens LGBTQIA+ que se define como «Um grupo de pais que se propõe lutar por uma sociedade mais justa pelos nossos filhes, filhas e filhos, combatendo formas de discriminação relacionadas com a orientação sexual e a identidade de género» e que proporciona um valioso apoio, aconselhamento e troca de experiências entre os seus membros e entre pessoas que se veem confrontadas, nas suas famílias, com os problemas derivados do desconhecimento e da discriminação relativamente a estas matérias. Promove também alguma divulgação destes temas e ações de esclarecimento dirigidos à sociedade, também ela afetada por esse desconhecimento, pelos preconceitos existentes e pelas ideias cientificamente erradas que são divulgadas sobre estes assuntos, induzindo comportamentos discriminatórios, bulying e até, em muitos casos, violência física, como o demonstra a tentativa de boicote deste lançamento por parte de um grupo da extrema-direita nacional-populista designado por Habeas Corpus.

A Habeas Corpus, dirigida por um ex-juiz expulso por unanimidade pelo Conselho Superior da Magistratura em 2021, fez um amplo apelo ao boicote através das redes sociais. Estiveram também presentes no grupo que pretendia efetuar o boicote dirigentes e membros conhecidos de outras organizações de extrema-direita, ultimamente muito ativas.

Nos últimos tempos a atividade da Habeas Corpus tem sido sobretudo conhecida pelos ataques (alguns violentos) que fez a sessões de apresentação de livros em livrarias e a uma sessão de autógrafos na Feira do Livro de Lisboa. Até agora tinha conseguido o seu objetivo de interromper e impedir as sessões e a Polícia tinha apenas protegido os promotores e participantes dessas sessões a abandonar o local, quando chamada perante as ocorrências. Desta vez, o grupo editorial Leya, proprietário da livraria e editor do livro, através da chancela Oficina do Livro, alertada pelos apelos públicos ao boicote, solicitou a proteção da Polícia e estiveram presentes elementos do Corpo de Intervenção, que impediram confrontos violentos e que o boicote se efetuasse. Foi também importante a determinação da Leya e da AMPLOS em que a sessão se efetivasse e a firmeza de cerca de uma centena de assistentes à sessão, de forma que, apesar da ameaça externa, a sessão decorresse normalmente.

Antes do início da sessão, todos os participantes entoaram para o exterior a canção “Grândola, vila morena” para demonstrar que todos estavam firmes em defender a sua liberdade de expressão e a liberdade de editar e de ler livros sem a censura de poderes autoritários e de grupos minoritários que querem impor a sua visão de vida e de sociedade a toda a população, não hesitando em recorrer a meios violentos, à deturpação de factos e à negação da Ciência.

Um grupo de participantes na sessão formou também uma barreira de proteção à porta da livraria para impedir a entrada de elementos do pequeno grupo de manifestantes concentrados em frente à livraria em resultado do apelo da Habeas Corpus.

A Polícia, no final, estabeleceu um corredor para impedir confrontos e para proteger os participantes, à sua saída, de qualquer eventual ação violenta dos manifestantes.

Mais uma vez se demonstrou que só com determinação e sem qualquer cedência é que se conseguem conter as acções intimidatórias, confusionistas e condicionadoras da liberdade por parte da extrema-direita. Desta vez não conseguiram levar por diante os seus intentos. A extrema-direita foi contida e não conseguiu os seus objetivos de boicote e de censura. Desta vez venceu a liberdade e a civilização.

Carlos Braga

Sinopse

Este livro fala de vidas de pessoas e famílias LGBTQIA+, das suas histórias, com os seus testemunhos. de orientação sexual e de identidade de género. de dúvidas e medos, inquietações e sofrimentos.

Ao longo destas páginas, segue-se um caminho que não é percorrido em linha reta, mas sim um trajeto com curvas e contracurvas, avanços e retrocessos e com muitas interrogações. Aqui se mostra como a saída do armário é um momento libertador e existem o receio da rejeição, a culpa e a vergonha, as dúvidas e as inseguranças, o peso da discriminação e do preconceito, a transição, a transformação. E o seguir em frente será em família, a amar e respeitar. Em casa, na escola, no trabalho, na comunidade. Seja onde for. Abrem-se portas que normalmente se fecham. Desmontam-se interrogações que se julgam sem resposta. Contam-se recomeços feitos de lágrimas e de dores, construídos passo a passo. a escutar, a gerir expetativas, a desmontar estereótipos.

ISBN: 9789895812486

Ano de edição: 10-2024

Editor: Oficina do Livro

Idioma: Português

Dimensões: 158 x 238 x 8 mm

Encadernação: Capa mole

Páginas: 120