“A bela e o monstro” | Um Musical fantástico no Politeama”



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Mais um musical para jovens, “A Bela e o Monstro“, levado à cena por Filipe La Féria, no seu/nosso Politeama. A partir de um conto tradicional de encantar – uma fada má que transforma um príncipe narcisista e mau rapaz num monstro e os seus cortesãos em simples objetos como chávenas, bules, armários, etc., até que alguém o consiga fazer amar.  Porque, como se diz no programa, o encantamento da fada malévola, uma espécie de castigo para a sua vaidade, é que “sem amor será para sempre um monstro” e, como conta a história “do amor nasce a beleza e a emoção de quem sente“, porque o amor, mesmo hoje, num mundo pleno de guerras, é salvífico, resgata-nos do egoísmo e faz-nos partilhar, o bem, e o menos bom, com os outros, os que nos amam e nós amamos também. Ver o mundo de outra forma, reparar nas pequenas coisas belas do dia-a-dia torna-nos generosos e solidários.

Mas, como nasceu esta história? Em 1740, escreveu-a Gabrielle-Suzanne de Villeneuve e, em 1756, foi reescrita por Jeanne-Marie Leprince de Béaumont. O cinema interessou-se por ela pela mão de Jean Cocteau num filme onde o real se confronta com o sonho.  Uma obra-prima do Cinema,(1946), protagonizada por Jean Marais. Também, como não podia deixar de ser, a Disney fez dele uma deliciosa animação.

Maravilhoso musical

Muito boa esta adaptação, para musical, de Filipe La Féria, vincando temas como excesso de autoestima, vaidade, violência doméstica, tirania, idosos maltratados e enviados para um hospício apena porque se não acredita na magia e se pensa que estão loucos. Só a magia fará que um jovem vaidoso e embirrante se venha a transformar num homem apaixonado e amado por uma rapariga do povo com quem irá casar, algo que acontece muito raramente; e também porque ela, para lá da máscara de monstro, viu a sua beleza interior. É uma metáfora dos defeitos do carácter do príncipe, que o amor irá humanizar. A quem quiser aprofundar mais o subtexto destes contos tradicionais de encantar, recomendo o excelente livro “A Psicanálise dos Contos de Fadas” de Bruno Bettelheim, leitura aprazível e esclarecedora.

Telões e figurinos deslumbrantes, de José Costa Reis, uma música que fica no ouvido, coreografias estupendas de Inna Lisnyak,  um excelente corpo de baile e um elenco maravilhoso de jovens atores, quase todos, alguns transitados do Parque Mayer. Um conjunto maravilhoso, porque o Teatro é uma arte do coletivo, visíveis e “invisíveis“.

Um espetáculo que pode ombrear com o que, de melhor, se faz em Londres ou Nova-Iorque. Imperdível e que, portanto, recomendo a crianças e jovens, mas também a adultos que tenham perdido, numa vida dura e no mundo cruel e violento em que habitamos, a capacidade de sonhar, porque, como diz o poeta António Gedeão, “O sonho comanda a vida”.

E não se esqueçam desta frase importante no vosso dia-a-dia: “A Beleza está nos Olhos de quem a sabe Ver”, tão importante num universo em que  a beleza exterior e a juventude são tão sobrevalorizadas.

Figurinos e telões: José Costa Reis.

Dramaturgia e assistência de figurinos: João Frizza.

Coreografia: Inna Lisnyak.

Assistente de coreografia: João Nascimento.

Assistentes de encenação: Paulo Miguel Ferreira e Nuno Guerreiro. Direção musical: Miguel Camilo.

Direção vocal: Tiago Isidro.

Desenho de luz: João Fontes.

Desenho de som: Samuel Correia.

Vídeos: Cláudio Martins.

Diretor técnico: Anderson Gola.

Bailarinos: Ana Luísa Teixeira, Aleksey Danilenko, Carolina Coutinho, Augusto Gonçalves, Bárbara Camarinha, Gerson Sanca, Cláudia Mansos, Hugo Goepp. João Nascimento, Natália Potapova, Jonas Paquete, Nicole Soares e Pedro Silva Ferrera.

Atores: Rebeca Reinaldo/Mariana Dominguez, André Magalhães, Paulo Miguel Ferreira, Marcos Marques, Miguel Marques, André David Reis, Èlia Gonzalez, Teresa Zenaida/Cláudia Mansos, Andreia Ventura, Rafaela Monteioi, Hugo Goepp, Augusto Gonçalves e Tiago Isidro, Texto, encenação e cenografia: Filipe La Féria.

Teatro Politeama

Rua Portas de Santo Antão, 109, 1150-266 Lisboa

Preços: 1ª Plateia – 25€, 2ª Plateia – 20€, 1ª Tribuna – 25€, 2ª Tribuna – 20€, 3ª Tribuna – 15€, 1º Balcão – 12,50€, 2º Balcão – 7,50€

60 minutos. Todas as idades

Até 17 novembro 2024

Sexta-feira: 21hoo; sábado: 15h00 e  21h00; domingo: 15h00.

  • Diário de Odivelas - Redação

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