Diz…correndo Na linha | Episódio 51

Queridos Leitores, prometo-vos que, a partir deste artigo, vou manter a regularidade semanal, porque preciso muito de discorrer, para libertar os vírus que se instalam no computador cerebral.

E também quero saber das vossas reações.

Estive há dias, mais uma vez, a ser ouvido em Tribunal, como testemunha, num processo em que houve intervenção minha, no âmbito da profissão que tenho.

E recordei as inúmeras vezes em que lá estive presente, como funcionário da C.M.O., defendendo a posição da Câmara, através dos meus relatórios devidamente sancionados pelas chefias.

Conto-vos alguns casos, para vosso gáudio.

Certa advogada, a representar uma senhoria que tinha sido multada, por não fazer as obras de conservação ordinárias, nos prazos impostos por Lei, de oito em oito anos, pelo menos, disse de forma agressiva:

No seu relatório, fala em falta de segurança. Mas então, o prédio da minha constituinte está assim tão mal, a cair?”

Perante tamanha agressividade, comecei por dizer:

Ó minha senhora…

Imediatamente fui interrompido.

Eu estou no exercício da minha atividade profissional e exijo ser tratada como tal”.

Passei a tratá-la por “senhora advogada”, em vez de “sotôra”, e virando-me para a juíza expliquei que as chuvas, penetrando nas lajes das varandas, provocavam a oxidação das armaduras que, aumentando de volume, causavam o desprendimento do revestimento da sua face inferior, e ao cair na via pública podia ferir alguém.

Com o ar mais inocente do mundo, interroguei a juíza: Não sei se fui claro na explicação.

A juíza respondeu: “Perfeitamente, Sr. Engenheiro.”

E virando-se para a tal advogada, perguntou: “Quer mais alguma coisa do Sr. Engenheiro, Sotôra?

A tal advogada ainda não estava satisfeita e, com mais agressividade ainda, inquiriu-me:

Os senhores, andam aí na rua, acha bem aquele quiosque, mesmo em frente ao prédio da minha constituinte?

Respondi que, não sendo matéria dos autos, a minha opinião era irrelevante.

Eu adoro ir a Tribunal, como testemunha.

Noutra ocasião, num caso em que um revestimento de fachada tinha descolado, levando à montagem de andaime tubular para que não tombasse sobre as viaturas estacionadas, o senhor advogado de defesa perguntou-me se eu não achava que o aparelho de ar condicionado lá montado tinha contribuído para o descolamento.

Respondi que não, porque havia uma Lei que, nenhum governo, por mais déspota que fosse, podia anular.

Neste ponto, o Senhor Juiz inclinou-se para a frente, para ouvir melhor, e eu disse:

Chama-se Lei da Gravidade, que leva os objetos largados no ar a cair em direção ao centro da Terra, num movimento a que chamamos vertical, ortogonal aquele que se verificou.

Não é lindo, isto?

Agora, imaginem uma senhora idosa a morar sozinha, que vê a sua mobília de quarto ser engolida por uma cratera que se abriu, porque o soalho de madeira desabou para a caixa de ar que permitia a ventilação da face inferior do pavimento.

O edifício, dos anos cinquenta, era uma moradia geminada, com duas águas na cobertura.

A proprietária, morando no lado direito, reparou apenas o lado que a cobria, permitindo que a chuva continuasse a afetar o quarto da inquilina que, com o tempo, colapsou.

A filha da inquilina levou a mãe para sua casa, pedindo uma vistoria. E lá fui eu.

Como resultado do meu relatório, a proprietária é intimada a fazer obras, e é multada.

Contestou, e lá vou eu a tribunal, como testemunha.

Pergunta-me o advogado da proprietária:

O senhor não acha que a inquilina tinha a obrigação de fazer as obras necessárias?

Respondi que não. E que a senhora só podia usar o espaço que fica da tinta para dentro, e nem um prego podia espetar na parede, sem que a proprietária autorizasse.

E comparei o sucedido com uma ferida, não cuidada e desinfetada, que originasse uma infecção, seguida de septicemia, que causasse a morte.

No fim do meu testemunho retirei-me para o átrio. A oficial de justiça veio ter comigo, a pedir-me conselhos, relativamente a uma casa que ocupava, com o namorado.

E eu dei-lhos. Todo inchado, “atão”?

Mas, de tudo o que recordo, o que mais me impressionou foi ter enfrentado a…..

Juíza Sexy

 Ó Senhora Magistrada,

Vou agora de abalada,

Mas levo um grão na asa;

A culpa não será sua,

Olho pra si, vejo-a nua,

Em beleza que arrasa.

 

Será talvez dessa toga,

Que não estando em voga,

Lhe assenta muito bem;

O que “tapá” secretária,

Uso invenção da vária,

“Ivaginação” também.

 

Não sei por qual lei se rege,

Nem é coisa que inveje,

Ver carne tão opulenta,

Mas causa-me distração,

E com tanta indecisão,

Minha mente fica lenta.

 

E depois faz-me perguntas,

Que todas elas, bem juntas,

Nem valem meio tostão;

Não ficarei chateado,

A Lei está do seu lado,

Não quero ir prá prisão.

 

Tento mandar umas dicas,

E diz-me: “Se tu te esticas,

Vamos trocar de lugar”;

Eu digo não, obrigado,

Estou bem, aqui sentado,

Sem ter ninguém “práturar”.

 

Mas a juíza insiste,

Porque a ela, a Lei assiste,

Como sentada em trono;

Modere lá o olhar,

Pois está-me a violar,

E o meu corpo tem dono”.

 O conselho da semana é: ”Portem-se bem, Filhos de Deus, pois sereis julgados um dia, sem advogado de defesa, nem dilação de prazo.”

E desejo a todos os leitores um Bom Ano de 2025, com Saúde, Paz e Sexo Protegido.

 

  • Diário de Odivelas - Redação

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