
Meus Sempre Saudosos Leitores, como vem sendo habitual, desde há alguns anos, fomos a Londres comemorar o aniversário da filha que lá mora.
De lá, trago sempre material para dividir convosco. Mas por enquanto, não.
Por agora, foquemo-nos nas Sagradas Escrituras que falam do grão de trigo, que tem de morrer, para dar fruto.
E é sabido, que tudo morre.
Se houver fruto, a partir dessa morte, tudo bem. Há renovação.
No caso inverso, não havendo fruto, há desperdício, digo eu.
Em qualquer dos casos, há que aceitar esta lei antiga da Natureza, mas, com a idade que já tenho, borro-me de medo de ser o próximo grão de trigo.
Tudo isto vem a propósito da minha amiga que perdeu o jovem filho, assassinado, de quem falei, no episódio anterior.
Contaram-me que ela se agarrou ao cadáver do filho, não querendo perdê-lo de vista.
Imaginei o malogrado jovem, já com outro entendimento, a falar com a mãe….
Mãe, ouve-me…
Ouve bem, ó mãe querida,
Deixa meu corpo ir embora;
Não preciso dele, agora,
Porque já mudei de vida.
Acabo de ver a Luz;
Sendo ela que me guia,
Não há noite, tudo é dia,
E só quero ver Jesus.
Estou livre de rancores;
Neste novo entendimento,
O eterno é um momento,
E vivo só de amores.
Agora, estou em Paz,
E voo em Liberdade;
De vós não tenho saudade,
Só o meu corpo aí jaz.
Que vai ser desfeito em pó,
Sendo a nossa natureza;
E já tenho a certeza,
Que a vida é isto, só.
O meu corpo já não presta,
E depois de consumido,
Guardas o pó, bem moído,
Pois é só o que dele resta.
O conselho da semana é:” Não se agarrem ao que já partiu. Quando muito, guardem as boas memórias”.