Diário de Bordo – Crónica 6

Dias 8 e 9. Relato de uma viagem à Arábia Saudita, realizada por António Cruz e Ana Fialho, dois apaixonados por conhecer o Mundo e os seus recantos ainda pouco visitados. António, economista e Ana, professora, aproveitam todos as suas férias nesta exploração. Culturas diferentes, interação com os locais, gastronomia e fotografia são as suas preferências nestas descobertas.

Arábia Saudita dias 8 e 9

29 dezembro 2023

Depois do merecido descanso e de um pequeno-almoço continental, primeira interação com um casal de sauditas no elevador, que nos perguntam de onde somos. Têm nos seus planos ir à Madeira. A região que se prepare, que o Ronaldo vai atestar a ilha de sauditas, por já não serem os primeiros que mencionam a região.

Visita aos mangais de Jizan e regresso ao caminho para Jeddah, com pernoita a definir durante o percurso. Hoje a cidade está completamente deserta, porque é sexta-feira, dia de descanso. Nada a assinalar até ao almoço, senão “comer” quilómetros, ao som de música tecno. A copiloto foi tendo dia atarefado de escritório, a definir rota e local de paragem, que antes do almoço ficou definido ser Al Qunfudhah.

Ao almoço, 2 filmes… empregados a falar inglês…nada! Só havia borrego cozido e a Ana… nada! Após mais um episódio de “o gesto é tudo”, e de se ter descoberto uma espécie de massa prensada e assada, até que bastante boa por sinal, lá se arranjou almoço para nós. O borrego estava simplesmente divinal, e até a Ana concordou depois de provar, mas dedicou-se quase em exclusivo à massa com arroz. De repente aparecem dois miúdos que ficaram encantados com a minha máquina fotográfica. Pediram fotos, para depois fotografarem o visor da câmara com os seus telemóveis. Um deles, mais vivaço, quis ser ele a fotografar, e até tinha postura de fotógrafo. Foi um daqueles momentos inesquecíveis em viagem, quando com tão pouco conseguimos fazer duas crianças tão felizes.

Mais umas horas a fazer estrada, e 400 km depois, chegada ao destino de hoje, Al Qunfudhah, cidade portuária do Mar Vermelho. Surpresa do dia: ao balcão, pagámos menos 100 SAR no hotel, do que o valor da Booking. Temos utilizado este sistema de não reserva e temos quase sempre tido ou o mesmo preço ou preço mais baixo.

Passeio pela da cidade e mais uma vez exemplo do bom acolhimento que este povo nos tem habituado. A corniche já estava repleta de famílias, que nos seus tapetes, jantam, bebem chá e café feitos no local e aproveitam o tempo mais fresco junto ao mar. Estava a tirar uma foto em contraluz já depois do por do sol à Ana e um saudita começou a falar comigo e a apontar para a câmara. Percebi que também queria uma foto daquelas. Ficou maravilhado com o resultado. Depois o filho também quis. Acabámos por ficar uma meia hora a beber café, a comer doces e na conversa, com as histórias de cada um. Ele, oficial do exército, falava algo de inglês, e entre português, árabe, inglês e gestos, fartamo-nos de rir. Quatro filhos, sendo que a filha, de 20 anos, estava noiva de um oficial do exército, que estava fora num curso de especialização nos EUA. Quando voltar há casamento.

Desde Al Ula que não vimos ocidentais, e tenho a sensação de termos percorrido locais pouco ou nada frequentados por turistas, porque os sauditas querem muito interagir connosco. Do nada, quer na rua quer nas lojas, vêm ter connosco, questionam de onde somos e terminam sempre com um ternurento “WELCOME”! A noite terminou junto a uma loja apinhada de gente, que, ou foi inaugurada hoje, ou começaram hoje os saldos. Luzes, som, DJ, água grátis, e centenas de pessoas num frenesim de compras. Amanhã última etapa da viagem, com destino final, antes da partida para casa, Jeddah. Teremos dois dias para explorar a imensa cidade.

30 dezembro 2023

Último percurso de 400 km desta “road trip” pelas arábias, com destino final Jeddah. No total e como previsto, foram 3.500 km por um país riquíssimo de cultura, lindas paisagens e de um povo super acolhedor. Os próximos dois dias serão para explorar o muito que Jeddah tem para oferecer em termos históricos. Localizada no Mar Vermelho, tem o maior porto do reino. Tem 4.000.000 de habitantes, é a capital do comércio, e a segunda cidade do país. Em construção está a Torre do Reino, que irá ser o edifício mais alto do mundo.

Hoje visitámos o museu Al Taybat, que em quatro pisos conta os 2.500 anos de história da cidade. Está num edifício lindíssimo, que recria a arquitetura tradicional Hijazi da cidade antiga, com janelas salientes sobrepostas com intrincadas treliças de madeira. A visita por fora é imperdível.

Poderia ter sido um dia perfeitamente normal, mas aqui as surpresas sucedem-se. Estávamos no terceiro piso a apreciar as diferentes formas de construção tradicional das diferentes zonas da Arábia Saudita, quando um grupo de senhoras me interpela e me questiona se quero colaborar na realização de um vídeo, feito por alunas da escola internacional, para concorrer a um projeto nacional. “Off course!”. As senhoras eram professoras. Libanesas e uma jordana. As alunas, com idades entre os 11 e 12 anos, sauditas. Ao princípio as meninas estavam muito aflitas com a realização dos vídeos, que basicamente consistiam em cada uma delas apresentar-me uma região da Arábia Saudita. Claro está que passados uns minutos já estava na galhofa com elas e correu lindamente. Em dois takes os vídeos ficavam prontinhos. Depois pediram à Ana para fazer também dois vídeos com duas alunas, dentro da mesma sequência. Foi um final de tarde excelentemente bem-passado, o de podermos colaborar num projeto certamente ganhador. A frase final, em português e a pedido foi “Espero que ganhem!”. Depois disto podemos estar a um passo da Netflix! Também soubemos por uma das professoras, fã do Cristiano, que o Al Nassr ia jogar hoje em Jeddah. Já não havia tempo útil para ir ver, mas tinha sido mais uma experiência a recordar. Amanhã o dia será passado em Al-Balad, bairro histórico da cidade.

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  • Diário de Odivelas - Redação

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