
O que é?
A infeção pelo Vírus do Papiloma Humano, também conhecido por HPV, é uma infeção sexualmente transmissível muito comum, estimando-se que a maior parte da população sexualmente ativa seja infetada em algum ponto na sua vida. Em grande parte das vezes esta infeção é assintomática, o que significa que tanto homens como mulheres podem ser transmissores da infeção, sem terem conhecimento da mesma. Muitas vezes a regressão é espontânea, ou seja, é combatida pelo nosso sistema imunitário e desaparece por si própria.
Quais as consequências?
O HPV engloba mais de 150 tipos diferentes, dos quais 40 afetam preferencialmente os órgãos da região genital, nomeadamente vulva, vagina, colo do útero e pénis. Estes serotipos podem ainda ser divididos em HPV de Baixo Risco e Alto Risco, consoante a probabilidade de causar lesões malignas.
Os HPV de Baixo Risco incluem serotipos como o 6 e o 11, estando associados a doenças benignas, como é o caso de verrugas genitais ou condilomas. Por outro lado, os HPV de Alto Risco são os mais associados a lesões graves como cancro, destacando-se os serotipos 16 e 18, que são os mais prevalentes. De fato, casos de infeção persistente por HPV de alto risco podem resultar no desenvolvimento de células anormais, que eventualmente poderão desenvolver cancro. Mundialmente, o cancro do colo do útero é o quarto cancro mais frequente ao nível da população feminina.
Como rastrear?
O rastreio do cancro do colo do útero é uma medida de saúde pública, promovida pelo Serviço Nacional de Saúde, que tem como objetivo detetar precocemente lesões precursoras do cancro do colo do útero, isto é, identificar lesões que ainda não são malignas, mas que poderão vir a evoluir nesse sentido. Está recomendada a realização deste rastreio a todas as mulheres entre os 25 e os 69 anos que já tenham iniciado vida sexual. Ao nível dos centros de saúde atualmente é possível realizar o teste com pesquisa de HPV – quando o resultado é negativo só é necessário voltar a repetir em 5 anos, desde que na ausência de sintomas ginecológicos.
Um resultado positivo para HPV não significa a existência de cancro. Nestes casos poderá ser necessário repetir o rastreio no espaço de 12 meses ou referenciação a consulta hospitalar de patologia cervical para exames adicionais, como é o caso da colposcopia – exame em que se observa detalhadamente vulva, vagina e colo do útero, para identificação de eventuais alterações celulares.
Como prevenir?
Tendo em conta que a infeção pelo HPV é muito comum nas faixas etárias mais jovens foram desenvolvidas vacinas com o intuito de proteger a população, minimizando o impacto desta infeção na saúde. A vacinação contra o HPV passou a fazer parte do Programa Nacional de Vacinação (PNV) em 2008, incluindo na altura raparigas de 13 anos. Ao longo dos anos, têm existindo vários estudos que comprovaram a importância da vacinação contra o HPV como forma de prevenção do cancro do colo do útero pelo que, a partir de 1 de Outubro de 2020, a vacina contra o HPV passou a ser incluída no PNV também para rapazes aos 10 anos, nascidos após 1 de Janeiro de 2009. A vacinação está assim indicada a partir dos 9 anos de idade, para a prevenção de doenças associadas ao HPV, nomeadamente verrugas genitais, lesões pré-cancerosas e cancros do colo do útero, da vulva, da vagina e do ânus.
Autor: Dra. Carolina Pratas
Revisão: Dra. Margarida Lazarim Cardoso