
No dia 28 de abril de 2025 Portugal sofreu um apagão. Poucos dias após o Dia da Liberdade nos dar umas luzes ficámos livres de qualquer luz.
Ultimamente temos visto a volta do nazismo, agora vimos a volta da luz das velas, acho que por este andar daqui a uns dias vemos dinossauros.
Quando a eletricidade foi abaixo houve uma sequência de pensamentos semelhante em todas as casas portuguesas: será que me esqueci de pagar a conta da internet? Afinal deve ter sido a conta da luz…Espera, não há luz no prédio, será problema do condomínio? Okay, não há luz na cidade, é culpa da câmara… Raios, afinal não há no país todo, queres ver que os russos descobriram que Portugal existe? Afinal foi um apagão em várias partes da Europa, será que o boicote à Tesla foi longe demais?
A reação seguinte foi ligar a rádio para tentar perceber o que se passou. Numa delas passavam o que chamavam de música; e quem diria que a banda sonora do apocalipse seria kizomba?
Já na rádio de serviço público ouvia-se informações importantíssimas como “acho que esta loja está fechada porque tem aqui um papel a dizer que está fechada” ou “estão os donos das lojas todos à porta de braços cruzados“.
Mais tarde chegou finalmente um esboço de explicação: Portugal estava a importar eletricidade de Espanha para poupar dinheiro quando houve uma falha no país vizinho. Não poderia haver explicação mais portuguesa do que ficar de luz apagada para poupar uns trocos.
Já por sua vez as pessoas não olharam a trocos para rapidamente açambarcarem carrinhos de compras com dezenas de garrafões de água, fazer filas de quarteirões para comprar fogõezinhos a gás e sacar de baús empoeirados todos os rádios a pilhas que conseguiam. O desespero estava quase ao ponto de alguém perguntar: Só para não causar mau ambiente social, quanto tempo é que acham aceitável esperar antes de recorrer ao canibalismo?
Tal como na altura da pandemia, esgotou-se o estoque de papel higiénico dos supermercados, provando mais uma vez que se há algo que não se pode dizer do povo português é que têm falta de fibra.
Imagino que para muita gente isto até foi pior que a pandemia, porque pelo menos nessa altura gente feia andava com a cara tapada.
Este fator é importante tendo em conta que as ruas estavam cheias. O apagão tirou malta de casa que já não fazia a fotossíntese desde a última celebração dos Santos Populares.
Pelo menos esta idade média tinha muitas mais T-shirts, tendo muitas famílias aproveitado a calamidade para passear em jardins. Nada mais português que tentar ver o lado bom na tragédia, por exemplo: foi preciso desligarem os semáforos para quem anda de carro lembrar que tem de parar em passadeiras.
Já a Proteção Civil protegeu os civis de receberem qualquer mensagem de aviso da Proteção Civil; E o governo, sempre super solícito e atento à situação, foi ao longo do dia publicando mensagens muito importantes nas redes sociais quando ninguém tinha acesso às redes sociais para ver as mensagens. Sugiro que mantenham a tendência e tentem acender fogueiras num dia de chuva em excesso.
Há que dar parabéns por conseguir utilizar a pior forma de dar umas luzes sobre o assunto, tendo o governo estado mais ausente que a própria luz.
Ao fim do dia a eletricidade chegou aos poucos às casas do Zé Povinho que rapidamente se apressou a publicar nas redes: “O que vivemos hoje vivem todos os dias as pessoas em Gaza“. Não, Zé Tó, tu só tiveste de te entreter com livros durante um dia.
Os telejornais entrevistavam o André Ventura acerca da escuridão causada pela falta de luz. Será que é por ser especialista em dizer mal de tudo que é escuro?
Nada como ver jornalistas a perderem tempo com comentadores especialistas em tudo e nada para nos lembrar que voltámos a normalidade.
Imagem: gerada pelo Copilot da Microsoft