Sociedade & Ambiente | 22 de abril,  Dia da Terra

O Dia da Terra nasceu nos Estados Unidos no final dos anos 60 do século XX como resultado de movimentos sociais e de protestos estudantis ocorridos após um Simpósio de Ecologia Humana organizado pelo professor de Saúde Pública e ambientalista Morton Hilbert.

Um evento que abordou os efeitos da deterioração da biodiversidade na saúde humana, um alerta que já tinha sido lançado por Rachel Carson, em 1962, na sua obra “Primavera Silenciosa”, quando denunciou os malefícios para a saúde humana da utilização de pesticidas químicos na agricultura.

Dia da Terra que a partir de 2009 passaria também a ser celebrado pelas Nações Unidas e que tem por objetivo conscientizar as populações para a importância e necessidade de preservar os recursos naturais do mundo e chamar a atenção para os problemas ambientais que o nosso planeta enfrenta, como sejam as consequências das alterações do clima, a perda de biodiversidade e a degradação ambiental que afeta sempre mais os mais pobres do mundo.

(…)  a crise ambiental e a crise social são inseparáveis. O cuidado pela natureza exige justiça para com os mais pobres, que, sendo os menos responsáveis pela crise climática são quem mais sofre as suas consequências devastadoras (…) Precisamos de nova solidariedade universal” (Papa Francisco, 2015) 

Num tempo marcado por incertezas e riscos sociais, ambientais e económicos, o tema escolhido para 2025 é “O Nosso Poder, O Nosso Planeta”, onde, para além do cuidado a ter com o planeta, é feito o apelo ao reforço do consumo global de energia limpa.

É urgente continuar a limitar as emissões de carbono, não só pelo planeta, mas também pela nossa saúde.

“Quando a Europa está a aquecer duas vezes mais depressa do que qualquer outra região do planeta, conforme mostra claramente o último relatório europeu sobre o estado do clima relativo a 2024, reduzir a queima de combustíveis fósseis e efetuar uma rápida transição para fontes renováveis é indispensável. Há sinais encorajadores: 32% da produção de eletricidade mundial e 45% da produção de eletricidade europeia é já garantida por fontes de energia limpa, e em Portugal esse valor em 2024 foi de cerca de 70%.”

(ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, 2025)

Ora, e de acordo com as projeções da ONU o número de habitantes na Terra, hoje cerca de 8 mil milhões, deverá crescer 60% até 2050, com 68% da população mundial a viver em cidades. Estima-se que em 2050 haja 9700 milhões pessoas e no fim do século, 10.400 milhões.

Um crescimento que é bom de ver levantará fortes condicionalismos à sustentabilidade da vida na terra. O planeta está longe de ter recursos suficientes para todos, a menos que mudemos os atuais modos de vida.

O grande enigma perante tanta gente no mundo é como alimentar todos sem destruir o espaço em que vivemos.

As recentes análises mostram que a Europa – continente que regista o aquecimento mais rápido do mundo, segundo a Agência Europeia do Ambiente (AEA) – não mostra estar preparada para o rápido crescimento dos riscos climáticos, nomeadamente nos ecossistemas – onde se inclui a

produção agrícola, a segurança alimentar e o abastecimento de água potável -, nas infraestruturas e nas atividades económicas – onde se inclui a energia e os transportes – e na saúde humana.

 

“O sul da Europa está particularmente exposto ao risco de incêndios florestais e aos impactos do calor e da escassez de água na produção agrícola, no trabalho ao ar livre e na saúde humana. As inundações, a erosão e a intrusão de água salgada ameaçam as regiões costeiras de baixa altitude da Europa, incluindo muitas cidades densamente povoadas” (AEA,2024)

Nesse sentido, urge promover a harmonia com a Natureza por forma a alcançar o equilíbrio entre as necessidades económicas, sociais e ambientais das gerações presentes e futuras.

Para um futuro mais sustentável, precisamos de uma Terra próspera e de um Ambiente saudável, onde as necessidades da humanidade são atendidas sem comprometer a saúde do planeta e das futuras gerações.

Além de um clima estável, carecemos de ecossistemas saudáveis, biodiversidade abundante e recursos naturais suficientes como água limpa, ar puro e solo fértil. Se este for saudável recupera mais carbono e produz mais alimentos.

Em suma, este dia 22 de abril, Dia da Terra, recorda-nos a responsabilidade individual e coletiva da sociedade na preservação do planeta Terra.

A adoção de práticas sustentáveis no nosso dia-a-dia como Investir em energia renovável, Não desperdiçar água, Reduzir o consumo de energia, Reduzir o desperdício alimentar, Reduzir o consumo de plástico, Reutilizar sempre que possível ou Reciclar de forma adequada, Reduzir a pegada de carbono, entre outras, irão, por certo, minorar o impacto de cada um de nós no planeta.

 Preservar a Terra significa cuidar e proteger o nosso planeta, os seus recursos naturais e a vida que ele abriga. Proteger o Ambiente é proteger a vida humana.

Não podemos terminar sem deixar de destacar, homenageando ao mesmo tempo,  todo o empenho e dedicação que desde a primeira hora o Papa Francisco (1936-2025) sempre manifestou relativamente às questões da sustentabilidade do Planeta, apelando ao “urgente desafio de proteger a nossa casa comum”, algo bem expresso em 2015, na “Laudato Si”, encíclica que fala de Ecologia Integral e do cuidado pelo Ambiente em todas as suas dimensões e que viria a dar um forte contributo para a aprovação nesse ano dos 17 objetivos para o desenvolvimento sustentável e para o Acordo de Paris.

Por tudo o que representou o seu recente e inesperado desaparecimento é sem dúvida uma grande perda para a Humanidade e sobretudo para a causa ambiental. Que descanse em paz!

Resta-nos a esperança que o seu substituto continue a defender e a lutar arduamente pela Sustentabilidade global, pela Justiça Socioambiental e pelo Bem-Comum.

O “grito da terra” é o “grito dos pobres” (Papa Francisco)

Email: carlos.jesus@campus.fcsh.unl.pt

Facebook: Eu combato o Desperdício Alimentar

 

 

  • Diário de Odivelas - Redação

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