Queridos Leitores Que Me Seguis, como atentos escuteiros, já sei o que ireis dizer, que vos roubei um episódio.
Nada disso.
Acontece que A Liberdade já por cá anda há cinquenta anos, e há que a celebrar.
No momento em que vos escrevo, vejo a minha querida Ana com os pés metidos em sais, na sala, para lhes dar descanso, após ter estado na Avenida da Liberdade a comemorar, juntamente com milhares de pessoas, por mais de quatro horas.
Eu próprio, levantei-me às oito, em dia feriado – como se não o fossem todos – para me arranjar e estar na Pontinha, no sítio do Mercado Velho, em frente ao Quartel, a cantar Grândola e Acordai, nas versões corais de Fernando Lopes Graça, com mais duzentas pessoas.
Sob a direção do nosso Maestro Pedro Ferreira, correu bem, foi empolgante e divertido, mas, lamentavelmente, ninguém reparou que eu tinha engraxado os meus sapatos.
Faz uma pessoa certos sacrifícios para quê?
Seguiram-se os discursos e a partida para a Corrida da Liberdade, em que não participei, devido ao meu calo de estimação, que não o permite.
Para assinalar a efeméride, está patente no Centro de Exposições um conjunto de trabalhos alusivos à data, dividido em duas partes: os miúdos e os graúdos. Vale a pena lá ir.
Também foi lá que eu vi….
Os Três Cravos
Vi três cravos, numa caixa,
De acrílico, fechada,
Sem qualquer dizer, ou faixa,
Como a escória abandonada.
Porque jazem eles no chão,
Como vencidos da guerra?
Ponham-me cravos na mão,
Que o meu coração já berra.
De cor vibrante, encarnada,
Como dita a tradição,
Estará doente, ou cansada,
A velha revolução?
Porventura, alguém tenta,
Desvirtuar o passado;
Afinal, já são cinquenta,
E algum há, ressabiado.
Não importa, que não conta,
Quem se atrasa, no pensar;
A perda não é de monta;
Contem comigo “pr’andar”.
Outros cinquenta hão-de vir,
Importa não esquecer;
Se o Criador permitir,
Cá estarei, para os ver.
A Invocação da Semana é: “25 de Abril, sempre.”
“25 de Dezembro, só uma vez por ano”….
José Duarte